sábado, 5 de março de 2016

Liberdade e Ética

Penso que existem alguns conceitos que perdem o sentido se entendidos e praticados em separado. É necessário uni-los, de forma complementar, para que se façam valer de fato. E dois, ao meu ver não inseparáveis: Liberdade e Ética. Apesar de muitos não enxergarem dessa forma abrangente, ambos são aplicáveis em uma sociedade justa e democrática de forma a serem entendidas como direitos, mas também como deveres. Quando se pensa em liberdade, logo nos vem à cabeça a associação aos direitos do cidadão, à condição de ir e vir, à livre expressão e escolhas. E isso é mais do que certo. Porém, muitas vezes é ignorado que Liberdade também é um dever. Claro, porque uma pessoa jamais poderá ser reta e justa se estiver amarrada a interesses, sejam estes econômicos, políticos ou pessoais. A isenção estará evidentemente comprometida, assim como se torna comprometido o próprio cidadão que, portanto, precisa estar e ser livre para agir. E com a ética é a mesma coisa. Pensa-se sempre em uma definição básica ligada exclusivamente a um dever de conduta e ação, só que ignoramos também que a Ética é formada por regras ditadas pela sociedade e que, com o tempo, vai sendo moldada de acordo com os interesses de uma classe dominante. O que muitos se esquecem, ou ignoram, é que nós temos o direito de exercermos a ética de acordo com nossos princípios éticos (aqueles com os quais tivemos nossa infância cromada). Mas a verdade é que uma sociedade vil e movida a interesses distorce o conceito de Ética e o torna um dever a ser cumprido, transformando o cidadão em uma criatura sem princípios e, por consequência, sem ética. Entra aí nosso direito de escolher nos mantermos concordantes com a base de nossa formação ou não, nos rebelando e agindo conforme as normas cuidadosa e interesseiramente cunhas por uma sociedade que tem a corrupção como prática em sua governança, naqueles que detêm não o direito ou o dever, mas o poder.
Portanto, o ser humano tem a opção de querer ser livre ou não, mas tem o dever de aplicar tal liberdade ao fazer suas escolhas. E da mesma forma temos o direito à condição de sermos éticos, entretanto obrigatoriamente fazendo da ética um dever de ação, de conduta e, porque não, de liberdade.
Eu não acredito em liberdade sem ética. Na verdade, não respeito os que frisam o direito à liberdade de escolha, se esse direito não for exercido com responsabilidade e, acima de tudo, com ética. E o poder real (seja ele qual for) jamais será justo se não for alicerçado pela liberdade e pela ética.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Minha Biblioteca

Obras Completas de Freud, Vol. 12 - Introdução ao Narcisismo, ensaios de Metapsicologia e outros textos (1914 - 1916)


Complexos (I)

“No desenvolvimento de uma criança, essas estruturas psíquicas (relações criadas no ambiente da família) são significativamente modificadas pela exposição à cultura mais vasta. A exposição constante da psique a estímulos sociais e culturais, desde à TV à escola, torna-se um fator nas subsequentes etapas da infância, e isso reduz a influência psicológica de culturas éticas e familiares, pelo menos numa sociedade pluralista como a da América. Quando o grupo de iguais passa a ser central, ele gera novos e importantes elementos estruturais, muitos deles baseados, porém, em padrões culturais comumente acessíveis. E, no entanto, os antigos complexos induzidos pela família não desaparecem da psique. Os complexos materno e paterno continuam a dominar a cena do inconsciente pessoal...Os complexos são o que permanece na psique depois que ela digeriu a experiência e a reconstituiu em objetos internos.” (Murray Stein – Jung – O Mapa da Alma)

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Talento ou vocação? Os dois? Nenhum?

Qual o peso de uma análise autocrítica apurada e com baixo grau de parcialidade? Uma tonelada, talvez duas. Ou mais até. Que armas poderosas são a atenção com os desmandos (e sua mascarada fragilidade) do Ego e o senso de ridículo decorrente de tal consciência.
Quando não temos o receio e a arrogância de admitirmos nossas limitações, damos o primeiro e fundamental passo para fortalecermos nossas virtudes, purificar a psique e, por consequência, o caráter. Essas são fontes inesgotáveis de energia capaz de nos levar onde quisermos nesta vida. 
Várias vezes me peguei pensando, como voltei a fazer agora, nas coisas que realizei e realizo até hoje. Aí vinham as perguntas. No que realmente fui ou sou bom de verdade? Até onde eu poderia ou posso ir? Onde estão e quais são meus reais horizontes, não os desenhados e administrados pelo meu Ego, mas aqueles que minha alma enxerga?
Cheguei a algumas conclusões, que na verdade não encerram a reflexão, apenas a expande e a aprofunda ainda mais. A sensação é interessante. É bem boa.
Vou dar dois exemplos pessoais. Quando era criança, eu jogava bola. Joguei legal até os 13, 14 anos. Talvez um pouquinho mais. Minha praia eram as quadras, e o antigo futebol de salão, hoje futsal. Diziam que eu era bom, que eu tinha talento. De um tempo para cá, comecei a pensar muito sobre isso e admito: eu de fato tinha talento. Mas não tinha vocação. Aprendi muito com meu pai, mas minha relação com a bola sempre foi instintiva. Uma relação que me instigava a agir, a colocar para fora as frustrações e angústias de um menino. Não as de um menino qualquer, mas as minhas. As que eu imaginava serem só minhas. Sem ter a menor ideia, eu usava a quadra para sublimar minhas frustrações, pois lá eu me sentia livre, “imparável”, capaz de realizar tudo (ou quase tudo) que desejava. Mas ao mesmo tempo em que momentaneamente expulsava de mim um pouco do que comprimia o meu peito e me acovardava diante das incontáveis escolhas da vida, inconscientemente eu usava tais ações de energia e habilidade como uma solução (ineficaz) para minha falta de coragem no tentar e no crescer que esses movimentos de escolha proporcionam, pois via o erro como a razão para a rejeição, e eu não queria ser rejeitado. Por isso nunca quis me federar por algum clube, apesar dos convites. Eu me lembro de AABB, Monte Líbano, Carioca e Flamengo (em dois momentos e por técnicos diferentes). Rechacei todos, porque eu queria me preservar quase perfeito, e se me expusesse muito, minhas limitações por certo apareceriam e (descobri isso há pouco tempo) as decepções e rejeições do outro em relação a mim viriam junto.
Também voltei ao período em que me aventurei na música, e neste processo de retorno novamente fui até minha infância e identifiquei, claro, as inevitáveis associações com minhas insuportáveis inibições. Cheguei também sem muitas dificuldades a uma conclusão bem clara. Ganhei de presente e, sem maiores intenções, desenvolvi habilidades com a voz, porém concluí que jamais fui um cantor de verdade. Eu tinha as ferramentas (um timbre legal, punsh, extensão bem longa), mas não o ímpeto necessário para colocá-las em prática e torná-las verdadeiramente um talento. Muito menos tinha a vocação de entender o cantar como um indistinto prazer, uma explosão de energia, tal como eu via no futebol. Meu cantar não era instintivo, como quando jogava bola, e nem me proporcionava a valentia que sentia ao entrar numa quadra ou num campo de grama, onde eu era rápido, explosivo e me sentia quase imortal. Jamais consegui na música sublimar, e segui nela recalcando minhas dores e transformando-as em complexos, quando eu deveria agir justamente de forma oposta. Diferente do futebol, que eu sabia o que fazer e fazia, na música eu não conseguia realizar, porque eu tinha os recursos, mas não o talento para dar-lhes vida. Vejo isso hoje quando ouço muitas crianças e jovens cantando lindamente nesses The Voice Kids pelo mundo, como se cantar fosse tão natural como andar, falar, sorrir. Vejo no brilho dos seus olhos. Para elas, de fato é natural. Não para mim. Elas têm o instinto, mas também o talento e a vocação. Isso é perceptível demais.
Alguns podem imaginar meu pensamento como uma espécie de autoflagelo moral, mas é justamente o contrário. Não ter medo de olhar para dentro e enxergar as manchas que escurecem nossa essência é a forma mais valente de colocarmos em prática a vontade de acordar, levantar e caminhar em direção ao destino que cada um de nós tem o direito de traçar. É desta forma que podemos usar nossas qualidades instintivas e de fato transformá-las em talento realmente inato. Perdemos o receio da falha, do erro, e passamos a entender que um não que ouvimos não tem o poder de nos rebaixar, não significa um fim, e sim um sinal para um novo enfoque, talvez mais nítido, certamente mais maduro. E assim, toda a sensação de liberdade e invencibilidade que ganhamos com esse poder que vem de dentro vira antídoto contra qualquer temor, como uma antes tão assustadora rejeição, e se transforma em plena vocação, seja lá para o que for. Mas fundamentalmente a vocação de ser feliz.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Eu e os outros

Depois de ler e conversar duas vezes semana passada sobre o tema “Amizade”, resolvi registrar um pedacinho do penso sobre os relacionamentos sociais de hoje e revelar um pouco do manual de instruções (para uso popular) que vem comigo desde que nasci. Deixo claro meu absoluto repúdio a essa imensa babaquice que é o tal “o que vão pensar de mim” ou coisas que o valham, aliás lamentável lema de vida adotado por muitos que alimentam essa sociedade desnutrida de ética, hipócrita e arrivista. De um tempo pra cá, mais precisamente de quando efetivamente superei (porém sigo bem atento) a depressão, passei a refletir sobre comportamentos, tanto os meus como os do outro (outros). Ou seja, minhas ações e as das pessoas com as quais tenho algum tipo de contato. Fui uma criança, um jovem e agora um homem que jamais fez distinção quanto a amizades. Sempre integrei tribos diferentes, e até fui criticado sobre isso. Apesar de excessivamente tímido, eu topava (quase) qualquer parada e vestia a roupa completa do parceiro, companheiro, amigo. Jamais fui e não sou de fazer média com ninguém, e uso a condição expressa de querer o bem do outro para dizer o que eu penso, independentemente de ser agradável ou não. Até porque se meu sentimento pelo outro não fosse de amizade, eu sequer abro a boca. Claro que busco o jeito de fazer a coisa, mas não me intimido de, estando certo ou não, tentar dar ao amigo minha colaboração em questões que fundamentalmente envolviam o caráter e as possíveis consequências de certas atitudes.Mas tem um detalhe importante: eu era um cara muito egocêntrico, bem mais do que sou hoje, e tentava impor, à base de argumentos que considerava claros e lógicos, as verdades as quais não percebia que eram MINHAS. Com o tempo entendi que as tais minhas verdades não eram assim tão claras e muito menos lógicas, porém percebi também que meus amigos não eram tão amigos a ponto de refletirem sem parcialidades, regidas pela vaidade, sobre o que eu defendia. Alguns tratavam, sem nenhum trabalho de reflexão, de me julgar baseados em conceitos criados por eles mesmos em relação a mim, porém nem sempre praticados pelo autor. Aquela típica situação de ter um pensamento quando o foco é o outro, mas um diferente quando o protagonista da história era o próprio. Diante dessas posturas e atitudes tão incoerentes e controversas de alguns “amigos”, eu fui naturalmente seguindo meu caminho, porém sem deixar de me colocar à disposição, de estar pronto para ajudar (quando e se preciso) e, fundamentalmente, ser um cara que "está junto". Até que um dia...eu acordei. Abri meus olhos e olhei em volta. É nessa hora, quando você desperta (seja porque razão for), que vê de fato quem está ao seu lado, quem faz jus a distinção de ser seu amigo. Não me refiro, claro, à presença física, mas àquela que de fato preenche: a presença em espírito, em energia. Nesse meu despertar, enxerguei poucos, bem poucos, mas que me mostraram que de fato eram leais. Assim como também mostraram suas verdadeiras faces os que ao meu lado não estavam mais. Foi a partir daí que passei a prestar mais atenção nas atitudes dos outros para comigo, a famosa interação. Percebi que, tirando a daqueles poucos que estavam e seguem presentes após meu despertar, a sinceridade vem se tornando artigo de luxo hoje em dia, sinceridade essa que associo diretamente à lealdade. E ser leal é o item 1 do meu manual de instruções, que ensina as pessoas a me entenderem e, se quiserem, seguir me julgando sem nenhum problema.Vou dar um exemplo prático de como funciona pra mim nas chamadas mídias sociais. Se um dia alguém vir um comentário meu ou uma “curtida” minha em alguma de suas postagens, pode estar absolutamente convicto de que nada mais me moveu a não ser a vontade de “falar” com essa pessoa, dizer o que penso, porque naquele instante ela me tocou de alguma forma. Não existe possibilidade de outra razão que não seja esta. Não existe a menor chance de eu fazer uma coisa estrategicamente pensando em outra. Se recebo um convite, não sou homem de dizer sim querendo dizer não, enrolar e depois criar uma justificativa para, “tristemente”, não poder aceitar a gentil proposta pelo fato de estar muito ocupado, cansado à exaustão ou “impossibilitado no momento”.Não faço postagens para ser adulado ou admirado, eu as faço porque é uma forma de tirar de dentro de mim o que me alegra ou o que me incomoda, seja o que for. E, por outro lado, não prestigio a mensagem de alguém no intuito de ser simpático, gente boa ou de nutrir a intenção de me aproximar, quem sabe até para um “colóquio mais íntimo”, como alguns fazem “inbox”, interessante opção que eu chamo de “sala da intimidade” ou “cantinho do capeta”. Se dou minha curtida é porque aquilo me agrada, não só o que foi postado, mas a combinação com quem fez a postagem. E isso talvez seja difícil para muitos entenderem. Fazer algo sem querer nada em troca. Fazer o que se tem vontade pelo simples fato de estar vivo e ser livre para escolher o que fazer, seja o que postar ou o que “curtir”. Como convidar alguém pra bater um papo, sem necessariamente que o mesmo encaminhe para uma cama (chão, pia da cozinha, parapeito da janela ou até o lustre da sala), banco de um carro, areia da praia ou qualquer outro local que dê vazão à libido contida. Difícil, né? Pra mim não é não.E assim vou seguir, espero, até o meu último dia aqui (não me refiro ao blog, rs). Sendo amigo de quem quer que eu seja seu amigo. Se ganho um sorriso, que seja sincero. Se ganho um carinho, que ele seja verdadeiro, porque escolhi seguir pelo caminho oposto ao da dissimulação, da falsidade, do desrespeito, da mentira, da deslealdade. Sei muito bem que o preço é alto (sinto na prática), e as consequências talvez irreversíveis, uma estrada que pode mesmo levar à solidão. Mas, como já disseram certa vez, sempre será muito melhor estar só do que mal acompanhado.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Homens ou ratos?

Diferentemente do que fiz na época do falecido Orkut, quando eu o utilizava para divulgar um trabalho na música (cheguei a ter seis perfis), uso meu Facebook (a página do Hikari – Recriando Vidas é outra parada) com duas propriedades: 1 – me comunicar com alguns amigos, e 2 – como uma espécie de Alter Ego. Em ambas não há absolutamente a menor intenção de contabilizar curtidas e ser popular para então me tornar uma pessoal melhor, de bom caráter, bem sucedida e feliz. Como sou (na real sempre fui) um cara que não tem nenhum receio de pensar, de ir fundo, mexer com minhas entranhas e chacoalhar geral, chego a algumas conclusões e coloco muitas para fora, utilizando a ótima ferramenta virtual para registrar alguns de meus pensamentos, gostos e anseios. Igualzinho a um caderninho de anotações, tal como havia no passado.Desde que passei a estudar Psicanálise, comecei a me compreender melhor e dar ainda mais importância às minhas ações e reações comigo mesmo, com as pessoas e até com esse troço aqui (a única mídia social que de alguma forma me atrai), e, por consequência, ficar mais atento também às de alguns amigos. Aliás, as redes sociais são um exercício riquíssimo para se estudar o comportamento e a mente dos usuários. É fácil notar aqui várias “tribos”: os que vão para um caminho parecido com o meu (comunicação e compartilhamento de pensamentos e gostos), os que basicamente (no sentido bacana da coisa) se divertem (postando vídeos e mensagens engraçadas ou sacanas), aqueles que a utilizam como cara metade e registram tudo que fazem (claro, só o que é politicamente correto), e outros que buscam passar o quanto são infelizes, angariando, assim, o almejado carinho do próximo (em forma de comentários, curtidas, emotions, etc) para se sentirem confortados e de alguma forma supridos na carência. Em todos esses casos existe, independentemente da proporção, forma e importância, uma relação de reciprocidade, uma interação, mas também a exposição clara de traços de neurose. É natural, por ser esta (a neurose "basiquinha") uma característica de muitos (talvez a maioria) dos seres humanos e não implicar em nada grave (desde que não tome proporções). Entretanto, há um outro grupo ao qual precisamos estar muito bem atentos. É composto por aqueles que fazem uso do Facebook cem por cento com o intuito de somente abafar suas frustrações e alimentar o ego. Esses enxergam “seus amigos” como meros figurantes para suas atuações, exibições ou objetivos. Na verdade, não existe troca, pois não sobra espaço para isso. O ego tomou conta de tudo. São pessoas que se colocam em um patamar acima (ou dois, três...) e apenas “se apossam” do outro que, então, passa a ser quase como aquele ator chamado de escada para que o astro, galã, bonitão, apareça dominando a cena. É como se precisassem dessa relação de aparente superioridade para legitimar sua posição, diferentemente, por exemplo, de um artista que, independentemente de ter público e ser famoso, sempre será um artista. Esse grupo que usa os “amigos” para se fortalecer muitas vezes perde o contato com a realidade e, sem se dar conta, tem a sua antes desimportante caraterística neurótica transformada em obsessiva ou até mesmo psicótica. Ou seja, o que era para ser um site de contatos (profissionais ou pessoais) se torna para alguns aqui presentes uma ferramenta para exercício de atividades compulsivas e psicóticas. Se tais pessoas criam seus personagens de forma consciente e mantêm o controle sobre eles, ok, segue o bonde na linha da neurose e da esperada fragilidade psíquica “típicas” que, repito, caracterizam a maioria de nós, habitantes desse planeta. Mas se o bonequinho criado já foge do nível do consciente e passa a quase ter vida própria (a pessoa de fato acredita ser melhor do que as demais), aí a coisa pega, porque a desconexão com a realidade é clara, e os semblantes compulsivos ou psicóticos de antes ganham contornos vibrantes, limpos e reais.Como fazia normalmente antes de criar este blog, postava no Face um ou outro texto meu para registro, mas aproveito para sugerir uma reflexão a fim de que monitoremos nossas ações e reações, e também as de alguns “amigos” que utilizam aquela interessante mídia social (e outras) para absolutamente sugar nossa atenção e nos utilizar como escada. E quanto mais tal atenção dermos a esses sanguessugas virtuais, maior será o número de degraus alcançados para tal ação compulsiva e psicótica, as quais podem posteriormente fazer mal de verdade, inclusive a quem municia e incentiva tais ações, como também a quem nada tem a ver com o pato.Como citei lá no comecinho, taí um interessante exercício para colocarmos em prática o discernimento e o poder de escolha em nossas relações. Infelizmente, a sociedade atual, regida pelo consumismo e imediatismo, vem convocando seus integrantes a uma uniformização (outro tema que quanto estiver com paciência mandarei aqui) de gostos e interesses. Esse claro objetivo ideológico (visa poder, visibilidade, grana) quer inibir a reflexão, o questionamento e, por consequência, a escolha. E a capacidade de escolher (amigos, inclusive) é uma característica absolutamente pertinente somente ao homem, único ser vivo que dela (a escolha) pode fazer uso. Se perdê-la, irremediavelmente a espécie humana cumprirá o legado criado por ela mesma e se nivelará aos demais animais, uniformizadamente reféns de seus destinos. Tal como um rato, que não pode ter outra vida que não seja a de um rato.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sejam muito bem-vindos

Depois de adiar tantas vezes, finalmente decidi criar um espaço para deixar registradas algumas reflexões com base no que já aprendi com a vida e também venho estudando (teoria e prática) até hoje. Essa é a forma que encontrei para dividir com a quem interessar possa.
Sempre achei inconveniente, apesar de a página ser minha, usar o Facebook para postar meus pensamentos. É uma mídia social bem interessante utilizada sim por muita gente que gosta de pensar, mas que, infelizmente, vem apresentando um número cada vez maior de “usuários” que fazem do ato de raciocinar um fardo insuportavelmente pesado de carregar. Minha intenção com esse cantinho, portanto, é proporcionar àqueles que gostam do que eu escrevo (e não aceitam se calar diante de imposições) um canal aberto de troca, concordando ou discordando, mas acrescentando sempre.
Não acredito nesse mundo em que vivemos, onde o insano incentivo à superficialidade vem criando uma geração guiada por aplicativos e que faz da escolha e do poder de decisão ações impossíveis de serem praticadas. Como no atualíssimo 1984, de George Orwell, vivemos sob as rédeas de um sistema que visa uniformizar os comportamentos, pensamentos e gostos, inibindo o poder de reflexão, análise e escolha. Tudo isso em prol de interesses que, por certo, não são os nossos.
Quero, com esse espaço, incentivar um contra-ataque a esse dedo indicador apontado em direção a um caminho que destrói a capacidade humana de pensar. Que não percamos jamais o nosso direito de decidir o que é bom ou não para nossas vidas, qual percurso devemos seguir ou o que devemos gostar para nos sentirmos bem.
Nascemos e morremos todos os dias, e isso nos dá a certeza de que sempre teremos a chance de reconstruir nossas trajetórias e repensar nossas escolhas. E um dos tesouros mais valiosos da vida é termos sim o poder de, a cada momento, nos fazermos seres humanos melhores e mais felizes. Criaturas que se levantam, andam, criam, amam e vivem sob as ordens de sua consciência e do seu coração.